domingo, 21 de setembro de 2008

Cronologia do Movimento - Ano 1969

FEVEREIRO

– Caetano e Gil são soltos na Quarta-feira
de Cinzas e seguem para Salvador. Lá, são submetidos a um regime de confinamento
até julho.

– É lançado Mutantes, segundo LP do grupo, com arranjos de Rogério Duprat, pela Philips.

MARÇO

– Lançamento de Gal Costa, primeiro LP individual da cantora pela Philips, com direção musical de Duprat.

ABRIL E MAIO

– Caetano e Gil gravam em Salvador as vozes e os violões de seus novos discos, que receberão arranjos de Rogério Duprat e terão gravações complementares posteriormente, em São Paulo e Rio. Os discos serão lançados em agosto.

JULHO

– Apresentação do show de despedida de Caetano e Gil, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Em seguida, eles partem para o exílio, na Europa. Vão a Lisboa e a Paris, acabando por se fixarem em Londres.

Cronologia do Movimento - Ano 1968

FEVEREIRO

– Após uma noite de conversas com alguns cineastas em um bar de Ipanema, o jornalista Nelson Motta publica no jornal Última Hora uma espécie de manifesto tropicalista bem-humorado intitulado “A cruzada tropicalista”.

MARÇO

– Lançamentos dos discos Caetano Veloso,
com arranjos de Júlio Medaglia, Damiano Cozzela e Sandino Hohagen, e Gilberto Gil,
com arranjos de Rogério Duprat, ambos pela gravadora Philips.

– Augusto de Campos publica ensaio sobre
os dois discos recém-lançados, em O Estado
de São Paulo.

– Hélio Oiticica escreve o texto “Tropicália”.

JUNHO

– Lançamento do LP Os Mutantes, com arranjos de Rogério Duprat, pela Philips.

JULHO

– Lançamento, pela Philips, do álbum coletivo Tropicália ou Panis et Circensis, com Caetano, Gil, Gal, Mutantes, Tom Zé e Nara Leão,
e arranjos de Duprat.

AGOSTO

– Hélio Oiticica e Rogério Duarte realizam dois eventos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: a exposição-evento Apocalipopótese
e o debate “Cultura e Loucura”, ambos com
a presença de Caetano Veloso.

– Augusto de Campos lança o importante livro Balanço da Bossa, em que reúne seus artigos
a favor dos tropicalistas.

SETEMBRO

– Gil e Caetano concorrem no Festival Internacional da Canção, da TV Globo, do Rio. “Questão de Ordem”, de Gil, com acompanhamento dos Beat Boys, não se classifica para a fase final. “É proibido proibir”, de Caetano, acompanhado pelos Mutantes,
é desclassificada, após violento discurso improvisado por Caetano, em reação às vaias da platéia.

OUTUBRO

– Divino, maravilhoso, programa semanal dos tropicalistas, de caráter experimental, estréia na TV Tupi de São Paulo, com direção de Fernando Faro. Será apresentado até o final de dezembro.

NOVEMBRO

- “São São Paulo, meu amor”, de Tom Zé, cantada pelo próprio, vence o IV Festival
de MPB da TV Record. “Divino, maravilhoso”,
de Caetano e Gil, com Gal, obtém a terceira colocação, e 2001, de Tom Zé e Rita Lee,
com os Mutantes, a quarta.

DEZEMBRO

– É lançado Tom Zé, LP solo de estréia do artista, pelo selo Rozenblit.

– No dia 9 de dezembro, Hélio Oiticica e Torquato Neto embarcam rumo a Londres para a exposição do primeiro na Whitechapel Gallery. Ambos permanecem por um ano na Europa.

– No dia 13, o governo militar edita o Ato Institucional nº 5, que solapou os direitos civis `
e suprimiu a liberdade de expressão artística.
No dia 27, Gil e Caetano são presos
em São Paulo e levados para o quartel
do Exército de Marechal Deodoro, no Rio.

Cronologia do Movimento - Ano 1967



FEVEREIRO

– Gilberto Gil passa uma temporada de dois meses em Recife e arredores, conhecendo tanto a vanguarda local quanto a tradição – como a banda de pífaros de Caruaru. O compositor traz da viagem influências diretas para suas idéias tropicalistas.

ABRIL

– Na mostra de artes visuais Nova Objetividade Brasileira, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o carioca Hélio Oiticica expõe seu grande penetrável, batizado "Tropicália".

MAIO

– O filme Terra em Transe, do cineasta baiano Glauber Rocha, entra em cartaz.

– Gilberto Gil lança seu primeiro LP, Louvação. Apesar das músicas não trazerem temáticas tropicalistas, as parcerias com José Carlos Capinan, Torquato Neto e Caetano Veloso mostram que o movimento estava se organizando.

JUNHO

– O álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, é lançado na Inglaterra.

– É lançado o livro Panamérica, de José Agripino de Paula.

JULHO

- É lançado o disco Domingo, com Caetano Veloso e Gal Costa. Apesar de ressaltar sua filiação à Bossa Nova, Caetano avisa no texto que escreveu para o disco que suas idéias estavam tomando um outro rumo, mais radical.

SETEMBRO

– A peça “O Rei da Vela”, escrita em 1933 pelo poeta modernista Oswald de Andrade,
é montada pelo diretor paulista José Celso Martinez Corrêa, e estréia no Teatro Oficina,
em São Paulo.

OUTUBRO

– As canções “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso, acompanhado dos Beat Boys,
e “Domingo no parque”, de Gilberto Gil, acompanhado de Os Mutantes, são apresentadas pelos autores no III Festival de MPB da TV Record, de São Paulo. A música de Caetano classifica-se em quarto lugar; a de Gil, em segundo. Está inaugurado o Tropicalismo.

NOVEMBRO

– No dia 29, em Salvador, ocorre o "casamento-pop" de Caetano Veloso e Dedé Gadelha;
a cerimônia e a festa viram um happening
com direito à capa da Revista O Cruzeiro.

– O poeta concretista Augusto de Campos publica dois artigos em defesa do trabalho
dos tropicalistas, um no Correio da Manhã,
outro em O Estado de São Paulo.

Festivais de MPB da TV Record

Antes de a TV brasileira tornar-se um grande centro de promoção de atores e atrizes, a TV teve um papel importante para a divulgação do Movimento Tropicalista, principalmente a Rede Record na década de 1960, que promoveu os famosos Festivais de Música Popular Brasileira. Esses festivais foram de grande relevância para a eclosão dos tropicalistas e marcaram a história brasileira, pois significaram a conquista de um espaço em que a irreverência, a crítica, as emoções, as novidades puderam instalar-se em meio às repressões da Ditadura Militar. Acompanhe no vídeo abaixo algumas cenas inéditas de um dos maiores e mais significativos Festivais da TV Record, o IV Festival de Música Popular Brasileira, ocorrido em outubro de 1967.

sábado, 20 de setembro de 2008

É proibido proibir!



No maior festival em que a música tropicalista foi promovida, Caetano Veloso foi vaiado enquanto cantava a música É Proibido Proibir. Durante as vaias, Caetano fez um desabafo inflamado e perguntou a todos: "Que juventude é essa?"
Acompanhe:



Faça o download dessa música aqui

CD Tom Zé - 1968


Texto de contracapa:
Somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade.

O sorriso deve ser muito velho, apenas ganhou novas atribuições.
Hoje, industrializado, procurado, fotografado, caro (às vezes), o sorriso vende. Vende creme dental, passagens, analgésicos, fraldas, etc.
E como a realidade sempre se confundiu com os gestos, a televisão prova diariamente, que ninguém mais pode ser infeliz.

Entretanto, quando os sorrisos descuidam, os noticiários mostram
muita miséria.

Enfim, somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade.
(As vezes por outras coisas também).

É que o cordeiro, de Deus convive com os pecados do mundo.
E até já ganhou uma condecoração.

Resta o catecismo, e nós todos perdidos.

Os inocentes ainda não descobriram que se conseguiu apaziguar Cristo com os privilégios. (Naturalmente Cristo não foi consultado). Adormecemos em berço esplêndido e acordamos cremedentalizados, tergalizados, yêyêlizados, sambatizados e miss-ificados pela nossa própria máquina deteriorada de pensar.

"-Você é compositor de música "jovem" ou de música "Brasileira"?"
A alternativa é falsa para quem não aceita a juventude contraposta
à brasilidade.. (Não interessa a conotação que emprestam à primeira palavra).
Eu sou a fúria quatrocentona de uma decadência perfumada com boas maneiras e não quero amarrar minha obra num passado de laço de fita com boemias seresteiras.

Pois é que quando eu abri os olhos e vi, tive muito medo: pensei que todos iriam corar de vergonha, numa danação dilacerante. Qual nada. A hipocrisia (é com z?) já havia atingido a indiferença divina da anestesia...
E assistindo a tudo da sacada dos palacetes, o espelho mentiroso de mil olhos de múmias embalsamadas, que procurava retratar-me como um delinqüente.
Aqui, nesta sobremesa de preto pastel recheado com versos musicados
e venenosos, eu lhes devolvo a imagem.

Providenciem escudos, bandeiras, tranqüilizantes, anti-ácidos, antifiséticos
e reguladores intestinais. Amem.

TOM ZÉ .

P.S.: Nobili, Bernardo, Corisco, João Araújo, Shapiro, Satoru, Gauss,
Os Versáteis, Os Brazões, Guilherme Araújo, O Quartetão, Sandino
e Cozzela, (todos de avental) fizeram este pastel comigo.
A sociedade vai ter uma dor de barriga moral

O mesmo

CD Gilberto Gil - 1968


Texto de contracapa:
Eu sempre estive nu. Na Academia de Acordeão Regina tocando La Cumparsita, eu estava nu. Eu só sabia que estava nu, e ao lado ficava o camarim cheio de roupas coloridas, roupas de astronauta, pirata, guerrilheiro. E eu, do mais pobre da minha nudez, queria vestir todas. Todas, para não trair minha nudez. Mas eles gostam de uniformes, admitiriam até a minha nudez, contanto que depois pudessem me esfolar e estender a minha pele no meio da praça como se fosse uma bandeira, um guarda-chuva contra o amor, contra os Beatles, contra os Mutantes. Não há guarda-chuva contra Caetano Veloso, Guilherme Araújo, Rogério Duarte, Rogério Duprat, Dirceu, Torquato Neto, Gilberto Gil, contra o câncer, contra a nudez. Eu sempre estive nu. Minha nudez Raios X varava os zuartes, as camisas listradas. E esta vida não está sopa e eu pergunto: com que roupa eu vou pro samba que você me convidou? Qual a fantasia que eles vão me pedir que eu vista para tolerar meu corpo nu? Vou andar até explodir colorido. O negro é a soma de todas as cores. A nudez é a soma de todas as roupas.

Texto de Gilberto Gil psicografado por Rogério Duarte.

CD Tropicália ou Panis Et Circenses


Texto de Contracapa:
Duprat: A música não existe mais. Entretanto sinto que é necessário criar algo novo. Já não me interessa o municipal, nem a queda do municipal, nem a destruição do municipal. Mas a vocês , mal saídos do borralho, vocês baianos, terão coragem de se preocupar comigo? Terão coragem de fuçar o chão do real? Como receberão a notícia de que o disco é feito para vender? Com que olhar verão um jovem paulista nascido na época de Celly Campelo e que desconhece Aracy, Caymmi e Cia? Terão coragem para reconhecer que este jovem tem muita coisa para lhes ensinar...
- Sabem vocês o risco que correm? Terão mesmo coragem de saber que só desvencilhando-se do conhecimento atual que tem das formas puras do passado é que poderão reencontrá-las na sua verdade mais profunda?
Por acaso entendem alguma coisa do que eu estou dizendo? Baianos repondam...

Gil: O Brasil é o país do futuro.

Caetano: Este gênero está caindo de moda.

Capinan: No Brasil e lá fora: nem ideologia , nem futuro.

Torquato: Será que o Câmara Cascudo vai pensar que nós estamos querendo dizer que o ‘bumba-meu-boi’ e ‘iêiêiê’ são a mesma coisa?

Nara: Pois é: as pessoas se perdem nas ruas e não sabem ler. Consultam consultórios sentimentais e querem ser miss Brasil... e se perdem.

Os Mutantes: E aquela distorção dá a idéia de que a guitarra tem um som contínuo...a até a boutique dos Beatles se chama ‘a maçã’...

João Gilberto: (Em NY conversando com A.Campos). Diga que eu estou aqui, olhando pra eles.

Livro Verdade Tropical - Caetano Veloso



Sinopse:

Verdade tropical é em parte uma autobiografia: ao mesmo tempo em que descreve sua formação musical e o desenvolvimento de seu trabalho como cantor e compositor, Caetano Veloso narra períodos decisivos de sua vida pessoal - a infância e a adolescência em Santo Amaro, por exemplo, ou o primeiro casamento, a prisão em 68 e o exílio em Londres. Seu tema é também a música popular, sobretudo o tropicalismo, e sua relação com outras manifestações musicais, como a bossa nova, a jovem guarda e os festivais da canção. Num plano mais amplo, Verdade tropical reflete sobre questões que eclodiram nas décadas de 60 e 70, como as drogas, a sexualidade, a ditadura.
ver

TropiCine

Os filmes de Glauber Rocha inauguraram o Cinema Tropicalista, ou mais conhecido como CINEMA NOVO. TERRA EM TRANSE Sinopse: Num país fictício chamado Eldorado, o jornalista e poeta Paulo (Jardel Filho) oscila entre diversas forças políticas em luta pelo poder. Porfírio Diaz (Paulo Autran) é um líder de direita, político paternalista da capital litorânea de Eldorado. Dom Felipe Vieira (José Lewgoy) é um político populista e Julio Fuentes (Paulo Gracindo), o dono de um império de comunicação. Em uma conversa com a militante Sara (Glauce Rocha), Paulo conclui que o povo de Eldorado precisa de um líder e que Vieira tem os pré-requisitos para a missão. Grande clássico do Cinema Novo, o filme faz duras críticas à ditadura. Informações Técnicas Título no Brasil: Terra em Transe Título Original: Terra em Transe País de Origem: Brasil Gênero: Drama Tempo de Duração: 106 minutos Ano de Lançamento: 1967 Site Oficial: Estúdio/Distrib.: Difilm Direção: Glauber Rocha

Quem foram OS TROPICALISTAS?

OS TROPICALISTAS formaram um grande grupo de músicos, compositores e intelectuais. Os mais influentes foram:
CAETANO VELOSO (visite www.caetanoveloso.com.br/)
GILBERTO GIL (visite www.gilbertogil.com.br/)
GAL COSTA (visite www.galcosta.com.br/)
TOM ZÉ (visite www.tomze.com.br/)
NARA LEÃO (visite http://www.sombras.com.br/nara/nara.htm)
JOSÉ CARLOS CAPINAM (visite http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/capinam.asp)
TORQUATO NETO (visite www.torquatoneto.com.br/)
ROGÉRIO DUPRAT (visite http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/rogerio-duprat.asp)


O que foi o BRASIL TROPICALISTA?


1967 e 1968. O Brasil estava sendo agitado pela contextura da Música Popular. Um movimento de renovação, misturado a muita intelectualidade e muita irreverência... Foi simplesmente um histórico passo adiante no meio musical brasileiro. Foi caracterizado pela introdução de novos elementos,que estavam em vigor no contexto internacional,dentro da realidade da música brasileira. Doses de psicodelia, do rock e da guitarra elétrica incorporaram-se à MPB, além da sintonia com a vanguarda erudita com os inovadores arranjos dos maestros Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzela. Essa mistura do pop, do popular e do experimentalismo estético impulsionaram uma mudança substancial na cultura nacional.